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Bolsonaro gastou R$ 75 milhões com cartão corporativo, quase o triplo do que havia sido divulgado r1n3i

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Quebra do sigilo de 100 anos trouxe à tona altos gastos pontuais em padarias, em transações que ultraam a marca dos R$ 50 mil
Por Portal Folha de Pernambuco

Jair Bolsonaro, presidente do Brasil - Foto: MAURO PIMENTEL/AFP
Os gastos do cartão corporativo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) são maiores do que aqueles divulgados anteriormente, de R$ 27 milhões. De acordo com as informações do Portal da Transparência, o valor real chega a R$ 75 milhões desde o início do mandato, em 2019. 

As planilhas divulgadas antes apontavam, por exemplo, R$ 4,9 milhões dos gastos apenas em 2022, mas no portal foram declarados R$ 22,8 milhões no mesmo período. A quebra do sigilo de 100 anos trouxe à tona altos gastos pontuais em padarias, em transações que ultraam a marca dos R$ 50 mil. 

A mais alta delas ocorreu em 3 de janeiro do ano ado, quando uma padaria de São Francisco do Sul (SC) recebeu R$ 61.710,67 do cartão corporativo da presidência da República.

No Portal da Transparência, os gastos do ex-presidente são discriminados de acordo com esses diferentes órgãos, mas nas planilhas, não. A maior novidade dos dados divulgados agora é que é possível saber os estabelecimentos onde houve gastos e a frequência – no Portal da Transparência esses dados ainda aparecem como "sigilosos".
As notas fiscais não foram divulgadas, o que impede saber o que foi comprado realmente. Segundo o cofundador da Agência Fique Sabendo, Luiz Fernando Toledo, o que não está esclarecido é o que significam os dados que divulgados. “Será que é só um pedaço? Falta atualizar, falta colocar os dados com viagens internacionais ou se colocaram só um órgão? Sem essas informações fica muito difícil fazer qualquer comparativo com outros governos”, explicou.

O que é e para que serve o cartão corporativo?
Os cartões corporativos foram criados para atenderem a despesas de pequeno vulto e eventuais, como viagens e serviços especiais, que exijam pronto pagamento, e executar gastos em caráter sigiloso.

Criados em 2001, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os cartões de Pagamento do Governo Federal (GF), depois apelidados de cartões corporativos, tinham como finalidade facilitar a transparência de gastos antes feitos com cheques ou por meio da apresentação de notas fiscais.

Alterações por meio de decretos tentaram limitar e dar mais transparência ao uso desses recursos. Depois da I dos cartões corporativos, em fevereiro de 2008, seu uso para saques ou a ser proibido. A exceção ficou para "peculiaridades" de alguns órgãos e casos com um limite de 30% do total da despesa anual do órgão.

Por motivos de segurança, o detalhamento dos gastos com cartão corporativo fica sob sigilo durante o mandato do presidente.

Lula estará no Recife nesta quinta 21/07, após ar por Garanhuns e Serra Talhada q2y3q

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Após ar por Garanhuns e Serra Talhada, Lula faz ato de pré-campanha no Recife, nesta quinta
A agenda de Lula na capital pernambucana inclui um encontro com representantes do setor cultural, almoço na casa do pré-candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), e um ato público
Após ar por Garanhuns, no Agreste, e Serra Talhada, no Sertão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem, nesta quinta-feira (21), ao Recife, onde encerra seu giro por Pernambuco.
A agenda de Lula na capital pernambucana inclui um encontro com representantes do setor cultural durante a manhã, almoço na casa do pré-candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB), e um ato público previsto para as 17h, no Classic Hall, em Olinda.
Nesta quarta-feira (20), Lula iniciou sua agenda em Pernambuco visitando a réplica da casa onde nasceu e viveu até os 7 anos, em Caetés. Depois, ele participou de atos em Garanhuns e em Serra Talhada.
Hoje, o ex-presidente estará na cidade do Recife. ASSSISTA
"Eu vim aqui para dizer uma palavra. Ou melhor, uma frase. Eu tenho candidato a governador no Estado de Pernambuco que é o companheiro Danilo Cabral", cravou o ex-presidente, apoiado localmente também pelas pré-candidaturas de Marília Arraes (SD) e João Arnaldo (PSOL). Marília, aliás, tem aparecido em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de votos divulgadas nos últimos meses.
Sem citar a ex-petista, com quem possui boa relação, ou outro postulante a governador, Lula afirmou durante seu discurso em Garanhuns que não esquece dos seus deveres políticos por conta de afinidades pessoais.
"Eu não confundo a minha relação pessoal com a minha relação política. O PT tem um compromisso nacional com o PSB e eu sou do tempo de que não precisava documento. Era no fio do bigode. E eu quero cumprir o compromisso com o PSB e quero que o PSB cumpra o compromisso com o PT, porque se a gente não fizer assim, não criaremos base para construir uma coalizão capaz de ensinar à sociedade brasileira a conviver democraticamente na adversidade", pontuou Lula.
Após Lula destacar seu apoio ao pré-candidato socialista, Marília, por meio de nota, disse que "lamenta que o PSB submeta o presidente Lula a tamanho constrangimento em Pernambuco".
Além de Danilo Cabral, participaram da mobilização as pré-candidatas a vice-governadora e senadora na chapada Frente Popular, Luciana Santos (PCdoB) e Teresa Leitão (PT), respectivamente; o pré-candidato a vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin (PSB); o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), além de parlamentares e outros aliados do petista. Houve vaia do público a Danilo, Paulo e João.
Em Serra Talhada, Danilo reforçou sua aliança com o ex-presidente Lula, ressaltando como de costume em suas falas, a época em que o petista esteve à frente do governo federal, enquanto o ex-governador Eduardo Campos (PSB) istrava o Estado.
Visibilidade de Lula em Pernambuco pode alavancar nome de Danilo Cabral, 
"Sonho em construir um Pernambuco mais igual, mais equilibrado. Um Pernambuco que olhe para o povo do interior, e aqui fala um filho do interior. Eu conheço os 184 municípios desse estado e tenho experiência, sempre fiz política presente na vida das pessoas porque foi isso que aprendi com Arraes e com Eduardo", declarou.
Na ocasião, Danilo ainda enalteceu a gestão do governador Paulo Câmara (PSB), que foi novamente vaiado ao ser citado. "Ele governou esse Estado no momento mais duro da nossa história, com crise da pandemia, crise econômica e social", afirmou.
Na cidade, ambém não faltaram recados aos pré-candidatos que usam a imagem do ex-presidente Lula nestas eleições.
Pré-candidata ao Senado, a deputada estadual Teresa Leitão (PT), que cometeu um ato falho e quase falou o nome da pré-candidata Marília Arraes em Garanhuns, adotou um tom mais crítico em Serra Talhada para deixar claro que Lula apoia apenas uma chapa.
"Vocês acham mesmo que um pernambucano, saído daqui, iria fazer com a gente uma discussão, que não colocasse em seu palanque um governador de confiança política, uma senadora de confiança política, uma vice governadora de confiança política, de competência técnica, para ajudá-lo a governar", disparou a petista. Teresa ainda finalizou sua fala pedindo para que as pessoas prestem atenção nestas eleições e "abram os olhos".
A vice-governadora Luciana Santos (PCdoB), oficializada nesta quarta-feira como pré-candidata a vice, na chapa liderada por Danilo Cabral, também não deixou de alfinetar outros palanques que também declararam apoio a Lula no Estado.
"Nós temos aqui o palanque da história, o palanque da verdade, o palanque que vai garantir que a Frente Popular caminhe a os largos ao reencontro do país", disse.
Em Pernambuco, Lula não economizou nas críticas a Bolsonaro
Nas duas cidades, Lula não economizou nas críticas que direcionou ao presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal adversário no pleito de outubro.
Segundo pesquisa PoderData realizada entre 17 e 19 de julho e divulgada nesta quarta, Lula venceria Bolsonaro no segundo turno com 51% dos votos contra 38% do militar da reserva.
"O genocida acabou com o Minha Casa, Minha Vida e prometeu o Casa Verde e Amarela. Eu quero dizer para ele que vocês vão ganhar essas eleições pra mim e nós vamos voltar a fazer o Minha Casa, Minha Vida, mas cada um vai pintar da cor que quiser. Pode pintar de vermelho, pode pintar de branco, de amarelo, de verde, pinta da cor que quiser porque esse País não tem uma cor só, esse País é multicolorido, nesse País cabem todas as cores que o mundo conseguiu produzir", disse o petista em Garanhuns.
O ex-presidente também afirmou que, mesmo estando 76 anos, se sente com a disposição de um homem de 30 e a paixão política de alguém com 20.
Lula falou que sonha em governar novamente para que o País volte a crescer como nos seus dois mandatos, possibilitando que todo brasileiro consiga fazer pelo menos três refeições todos os dias.
A respeito do imbróglio jurídico em torno do ICMS dos combustíveis, Lula disse que Bolsonaro "prejudicou" os governadores com a iniciativa e que a mudança deve prejudicar áreas como educação, pois os Estados terão menos receita para realizar investimentos.
"O presidente prejudicou os governadores com essa redução do ICMS. Vai faltar dinheiro para a educação e para a saúde. Esperem o próximo ano pra ver. Tudo isso para poder reduzir o preço da gasolina em 69 centavos. Mas ele poderia ter tido coragem e com a mesma canetada com que o Pedro Parente aumentou a gasolina sem pedir pra ninguém, ele reduzia a gasolina sem pedir pra ninguém. Acontece que pra fazer isso tem que ter coragem, pra fazer isso tem que ter discernimento, compromisso com o povo", declarou o ex-presidente, dizendo que se for eleito vai "abrasileirar" o preço dos combustíveis, impedindo que ele seja precificado com base no dólar.
A reunião entre o presidente Bolsonaro e embaixadores estrangeiros, na última segunda-feira (18), para falar sobre sua desconfiança sobre a segurança do sistema eleitoral brasileira, também foi alvo do discurso de Lula em Serra Talhada.
O petista questionou que se as urnas eletrônicas não fossem seguras, ele não teria sido eleito presidente da República.
"Nenhum embaixador levou a sério, porque a eleição no Brasil é modelo no mundo inteiro. Se pudessem roubar na urna eletrônica, vocês acham que o ‘Lulinha’ teria sido presidente em 2002, vocês acham que ele teria sido reeleito presidente em 2006?", questionou.

Alckmin

Durante o ato público realizado no município de Serra Talhada, Lula explicou para o público o que levou à sua aliança com o ex-governador de São Paulo e antigo adversário político Geraldo Alckmin.
O líder petista reconheceu que muitas pessoas estranham o fato de ter Alckmin - que já disputou a presidência da República contra o próprio Lula, em 2006, e com Fernando Haddad (PT), em 2018 - como seu pré-candidato a vice.
"Fui ler um livro de Paulo Freire e ele dizia que tem momentos na história, que a gente tem que juntar os divergentes para derrotar os antagônicos. E é isso que vocês têm que ver aqui no estado de Pernambuco", afirmou Lula, já emendando com a situação no Estado em que tem mais de um pré-candidato apoiando o seu projeto majoritário.

Jornal do Comércio

Em ato do Dia do Trabalhador, Lula pede desculpas a policiais e fala sobre aumento de salário mínimo 7230

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Lula chegou por volta das 15h30 no local, três horas depois do previsto, devido ao baixo quórum no local do ato

Nelson ALMEIDA / AFP
Lula participa de ato neste Dia do Trabalhador - FOTO: Nelson ALMEIDA / AFP  
Do Site Jornal do Comércio 


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou seu discurso durante ato alusivo ao Dia do Trabalhador, neste domingo (1º), com um pedido de desculpas aos policias que se sentiram ofendidos com uma crítica direcionada ao presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Neste sábado (30), em um evento com mulheres na Zona Norte de São Paulo, Lula disse que o presidente "não gosta de gente, ele gosta de policial". 

"Eu queria pedir desculpas aos policiais desse país, porque muitas vezes comete erros, mas muitas vezes salva muita gente e nós temos que tratá-los como trabalhador nesse país. Resolvi pedir desculpas junto a vocês porque nesse país não é mais habitual pedir desculpas", declarou o líder petista, que é pré-candidato à Presidência nas eleições deste ano.

João Campos diz que Lula é o "maior presidente" que sua geração já viu
Primeiro de maio 2022 terá Lula no Pacaembu; apoiadores esperam Bolsonaro na Paulista
Em seguida, Lula disse que está há seis anos esperando por desculpas "daqueles que o acusaram" na Operação Lava Jato, citando a decisão do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que concluiu que ele teria sido vítima de julgamento parcial e teve seus direitos políticos violados. 

Ovacionado com gritos de "Lula guerreiro, do povo brasileiro", o petista confirmou que o lançamento da sua pré-candidatura será no próximo dia 7 de maio, mas que estava participando do ato realizado, neste domingo (1º), na Praça Charles Miller, no Pacaembu, não para falar de eleições, mas das problemáticas que atingem a classe trabalhadora do Brasil. 

"Foram poucos os governos depois de Getúlio Vargas que tiveram coragem de discutir o aumento do poder aquisitivo da população", declarou Lula, destacando que durante seu governo, o salário mínimo aumentou 77% e a inflação ficou dentro da média estabelecida pelo governo federal da época, em 4,5%.

O discurso do ex-presidente também foi marcado pela promessa de aproximação entre o governo federal com as centrais sindicais, que segundo Lula, são inexistentes atualmente. "Ao invés de xingar o presidente na rua, vocês vão ser convidados para sentar na mesa de negociação. Precisamos discutir com seriedade a questão da aposentadoria, da política de saúde e render todas as homenagens ao SUS", declarou. 
Antes de finalizar sua fala, Lula chamou Bolsonaro de "fascista e genocida", afirmando ainda que enquanto o presidente da República quer salões para treinamento de tiro, ele quer salões para fazer bibliotecas. "Levar internet a cada lugar desse país, para que o filho mais pobre tenha direto a navegar na internet como o filho dele. Quem sabe o que precisa e como precisa, não é nenhum capitão, é o povo trabalhador desse país, o estudante desse país, as mulheres desse país", declarou.

1º de Maio
O evento começou por volta das 10h e tem como tema "Emprego, Direitos, Democracia e Vida". O ato é organizado pela CUT, Força Sindical, CTB, UGT, NCST, Intersindical - Central da Classe Trabalhadora e Pública. Na programação, estão shows de artistas como Daniela Mercury, Leci Brandão, Francisco El Hombre, entre outros.
Lula chegou por volta das 15h30 no local, três horas depois do previsto, devido ao baixo quórum no local do ato. Os discursos políticos estavam previstos para começar no horário do almoço, mas organizadores decidiram deixar as manifestações para um horário mais próximo do show de Daniela Mercury, marcado para 17h.
Entre os políticos que já discursaram no ato estão o pré-candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (Psol) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. O discurso de Lula começou às 16h.

Também neste domingo (1º), um ato organizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, é realizado na Avenida Paulista. A manifestação tem falas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Direto de Brasília, Bolsonaro fez um discurso à distância, através de videochamada.

Lula é aplaudido de pé durante fala no parlamento europeu; confira íntegra do discurso 4c646v

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Durante o discurso, Lula afirmou que o Brasil 'tem jeito' e que ainda falou que é possível 'construir uma economia justa'
Portal Folha de Pernambuco

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi aplaudido de pé durante discurso no parlamento europeu, em Bruxelas, capital da Bélgica, nesta segunda-feira (15). 

Durante seu discurso, Lula afirmou que o Brasil "tem jeito" e que ainda falou que é possível "construir uma economia justa".
 
"E apesar, sobretudo, das mortes de mais de 610 mil brasileiros, muitas delas evitáveis – caso houvesse por parte do atual governo o interesse em combater com seriedade o coronavírus", ressaltou o ex-presidente durante seu discurso. 

Confira na íntegra o discurso de Lula:
Eu quero começar falando não da América Latina, nem da União Europeia, nem de algum país, continente ou bloco econômico em particular, e sim do vasto mundo em que vivemos todos nós – latino-americanos, europeus, africanos, asiáticos, seres humanos das mais diferentes origens.

Vivemos em um planeta que tenta a todo momento nos alertar de que precisamos de novas atitudes e de uns dos outros para sobreviver. Que sozinhos estamos vulneráveis às tragédias ambientais, sanitárias e econômicas. Mas que juntos somos capazes de construir um mundo melhor para todos nós.

No entanto, ignoramos esses alertas. Insistimos em não aprender com os erros do ado.

O resultado da nossa falta de compreensão está à vista de todos: pandemia, desigualdade, fome, emergências climáticas que no futuro próximo poderão comprometer a sobrevivência da espécie humana na Terra.

Apesar de tudo isso, quero reiterar aqui minha crença inabalável na humanidade.

Não nasci otimista – aprendi a ser. Porque vi em vários momentos da minha vida o quanto um ser humano é capaz de realizar, e o quanto um povo é capaz de construir, quando existe força de vontade e geração de oportunidades.

Quem vive hoje no Brasil, ou acompanha o noticiário sobre o país, tem todos os motivos para estar pessimista. Mas aonde quer que eu vá, faço questão de dizer: o Brasil tem jeito – apesar do projeto de destruição colocado em prática por um bando de extremistas de direita sem a menor noção do que seja cuidar de um país e de seu povo.

O Brasil tem jeito, apesar dos 19 milhões de brasileiros que am fome. Apesar dos 19 milhões de desempregados e desalentados, que já desistiram de procurar um novo emprego. Apesar dos ataques constantes contra a população negra e indígena. Apesar do avanço da destruição do meio ambiente, inclusive na Amazônia.

E apesar, sobretudo, das mortes de mais de 610 mil brasileiros, muitas delas evitáveis – caso houvesse por parte do atual governo o interesse em combater com seriedade o coronavírus.

Apesar de tudo, digo com total convicção: o Brasil tem jeito. Sei disso porque num ado muito recente nós fomos capazes de reconstruir e transformar o país, e temos plena capacidade de reconstrui-lo outra vez.

Da mesma forma que acredito que o Brasil tem jeito, acredito também que o mundo tem jeito. Apesar dos 750 milhões de pessoas que am fome, apesar dos 5 milhões de mortos pela Covid-19, apesar da desigualdade que não para de crescer, apesar dos conflitos étnicos, religiosos e geopolíticos que não raro alimentam as guerras.

Como disse no início desta fala, meu otimismo não nasce do acaso, mas da experiência. Acredito que a humanidade tem jeito porque estou aqui hoje, neste Parlamento Europeu, reunido com representantes de países que em meados do século 20 eram inimigos ferozes no campo de batalha, numa das maiores  carnificinas da história.

60 milhões de pessoas morreram na Segunda Guerra Mundial. É bem provável que os anteados de vocês tenham lutado em lados opostos. Que tenham matado, morrido e sofrido na pele as atrocidades da guerra.

Vocês e seus países teriam, portanto, razões para se odiarem uns aos outros. No entanto, são protagonistas de uma das mais extraordinárias experiências da história moderna, que foi a construção da União Europeia.

Vocês estão hoje aqui, neste Parlamento Europeu, em clima de paz, buscando juntos soluções para a construção de uma Europa melhor.

Conhecemos o imenso poder de destruir que o ser humano tem em suas mãos, e que ele tantas vezes não hesitou em usar. Mas não podemos jamais esquecer que a humanidade tem também uma extraordinária capacidade de construir e reconstruir.

A União Europeia, o Parlamento Europeu e vocês, senhoras e senhores eurodeputados, são portanto exemplos dessa virtude humana. A União Europeia não é perfeita, como nada é, mas é um patrimônio da humanidade, como exemplo de cooperação e construção da paz entre os povos.

Senhores deputados e senhoras deputadas

Somos 7 bilhões e seiscentos milhões de seres humanos habitando este planeta. Homens, mulheres, crianças e velhos, ricos e pobres, pretos, brancos, gente de todas as cores.

Cada um de nós carrega dentro de si o seu universo particular. Somos diferentes uns dos outros, cada qual com sua individualidade, mas unidos todos por uma certeza ancestral: o ser humano não nasceu para ser sozinho.

O que me faz lembrar do pequeno trecho de uma das grandes obras primas da Bossa Nova, esse gênero musical brasileiro que conquistou o mundo. Um verso que diz o seguinte: “É impossível ser feliz sozinho.”

A verdade é que não é possível sermos felizes enquanto milhões de crianças ao redor do mundo vão dormir esta noite com fome, e acordarão amanhã sem saber se terão o que comer. 

Não é possível sermos felizes em meio a tamanha desigualdade, que cresceu de forma inaceitável em plena pandemia. Os ricos ficaram muito mais ricos e os pobres, ainda mais pobres.

A desigualdade entre ricos e pobres manifesta-se até mesmo nos esforços para a redução das mudanças climáticas.  O 1 por cento mais rico da população do planeta vai ultraar em 30 vezes o limite necessário para evitar que um aumento da temperatura global ultrae a meta de 1,5 grau centígrado até 2030.

O 1 por cento mais rico, que corresponde a uma população menor que a da Alemanha, está a caminho de emitir 70 toneladas de gás carbônico per capita por ano.

Enquanto isso, os 50 por cento mais pobres do mundo emitirão, em média, apenas uma tonelada per capta por ano, segundo estudo produzido pela ONG Oxfam e apresentado recentemente na COP 26.

A luta pela preservação do meio ambiente para mim é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo.

É preciso deixar bem claro que o otimismo, a esperança e a fé não podem ser jamais sinônimos de resignação. Por conta disso, eu me considero um otimista indignado.

Em 2009, os países ricos se comprometeram em aumentar para 100 bilhões de dólares ao ano, a partir de 2020, a contrapartida para os países em desenvolvimento preservarem a natureza e enfrentarem as mudanças climáticas. Esse compromisso não foi cumprido, e agora está sendo postergado para mais dois anos, ou seja, a partir de 2023, a transferência de 100 bilhões ao ano para enfrentar a emergência climática.

Iniciativa louvável, que merece ser celebrada. Mas não podemos esquecer que na crise de  2008, os Estados Unidos destinaram 700 bilhões de dólares para salvar da falência bancos que de forma irresponsável investiram em títulos imobiliários podres.

Na mesma época, o G-20 destinou mais 1,1 trilhão de dólares aos países emergentes e ao comércio mundial, para combater os efeitos da crise.

É preciso lembrar também que os Estados Unidosgastaram8 trilhões de dólares nas guerras pós-11 de setembro. Quantia suficiente para eliminar a fome no mundo e preparar o planeta para lidar melhor com as mudanças climáticas. E que no entanto foi usada para causar a morte direta de mais de 900 mil pessoas em países como Iraque, Afeganistão, Síria, Iêmen e Paquistão. Sem contar as mortes provocadas pela perda de água, esgoto e infraestrutura relacionadas com a guerra.

Ou seja, não faltam recursos para salvar bancos e para causar a morte ou o deslocamento forçado de milhões de seres humanos. Mas na hora de salvar vidas humanas ou o próprio planeta em que vivemos, a solidariedade dos países ricos é dezenas de vezes menor. 

Uma das maiores alegrias que tive quando presidente do Brasil, e mesmo depois de deixar a Presidência, foi percorrer o mundo, a convite dos mais diferentes países, para falar dos nossos extraordinários avanços econômicos e sociais.

Tive a honra de conduzir o Brasil ao posto de 6ª maior economia mundial. E de fazer do país um exemplo para o mundo de como é possível superar a extrema pobreza e a fome, com total respeito à democracia, em um curto espaço de tempo.

Vocês podem, portanto, imaginar o quanto dói participar de grandes eventos internacionais como este e ter que declarar o quanto o Brasil andou para trás desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff e a chegada da extrema direita ao poder.

O Brasil vive hoje uma tragédia social, econômica, ambiental e sanitária sem precedentes. Temos 2,7 por cento da população mundial. No entanto respondemos por 12 por cento das mortes por Covid registradas no mundo.

Choramos a morte de mais de 610 mil brasileiros. Não chegamos a essa trágica estatística por alguma fatalidade, e sim pela atitude criminosa do atual governo.

O atual presidente ironizou a gravidade da doença. Zombou dos mortos. Atrasou o quanto pôde a compra das vacinas. Fez propaganda enganosa e distribuiu medicamentos comprovadamente ineficazes contra o vírus.

Deixou faltar oxigênio em hospitais. Incentivou e promoveu aglomerações. Induziu a população à desconfiança quanto à eficácia das máscaras. Ajudou a espalhar fake news contra as vacinas, chegando a dizer que elas podem levar as pessoas com HIV a desenvolverem AIDS.

Experiências com medicamentos ineficazes, usando seres humanos como cobaias involuntárias, chegaram a ser realizados no Brasil, reeditando os horrores do nazismo.

Além disso, cerca de 116 milhões de brasileiros, metade da nossa população, vive hoje em situação de insegurança alimentar, de moderada a muito grave. Desses, cerca de 19 milhões, quase duas vezes a população da Bélgica, chegam a ar um dia inteiro sem ter o que comer.

Isso está acontecendo no Brasil, que é o terceiro maior produtor mundial de alimentos.

E está acontecendo porque o Brasil, que em 2014 saiu do Mapa da Fome da ONU pela primeira vez na história, hoje copia o que o neoliberalismo trouxe de pior ao mundo: alta concentração de renda, baixa geração de empregos, destruição de direitos trabalhistas, desmonte das políticas sociais, ausência do Estado, abandono dos mais pobres à própria sorte.

O resultado dessa trágica equação não poderia ser outro: miséria, fome, desesperança.

Mas eu estou aqui para dizer outra vez a vocês e ao mundo: o Brasil tem jeito. Porque ele é muito maior do que qualquer um que tente destruí-lo.

O Brasil é o país que num ado muito recente encantou o mundo com as suas políticas inovadoras, que retiraram da extrema pobreza 36 milhões de pessoas – o equivalente à soma das populações inteiras de Portugal, Suécia, Dinamarca e Irlanda.

O Brasil é o país que assumiu voluntariamente diante do mundo o compromisso de reduzir em 75 por cento o desmatamento na Amazônia, como forma de conter a emissão de gases poluentes.

E cumprimos antecipadamente nossa promessa – entre 2004 e 2012, nós, de fato, reduzimos em 80 por cento o desmatamento da Amazônia, contribuindo para minimizar o avanço das mudanças climáticas.

Infelizmente, os países ricos, justamente os principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, não cumpriram a sua parte. Talvez porque os ricos acreditem que tenham como se proteger, e as mudanças climáticas afetarão com maior intensidade os mais pobres, o que é a triste realidade.

Mas o que eles esqueceram é que todos nós – ricos e pobres – precisamos do mesmo oxigênio para respirar, precisamos de água limpa para sobreviver, precisamos de um planeta saudável, onde nossos filhos possam viver com saúde e paz.

Felizmente, essa era de trevas que se abateu sobre o planeta, por conta da ascensão de governos de extrema direita pelo mundo afora, emite claros sinais de que está chegando ao fim.

Partidos e candidatos progressistas vêm conquistando importantes vitórias. Isso está acontecendo em vários países, e estou certo de que vai acontecer também no Brasil, a partir da eleição presidencial do ano que vem.

O Brasil voltará a ser uma força positiva no mundo. Voltaremos a ser criadores de políticas públicas capazes de mudar para melhor o nosso planeta.

Acreditamos num mundo multipolar. Voltaremos a ter uma política externa altiva e ativa. Vamos fortalecer o Mercosul, reconstruir a União de Nações Sul-Americanas, a Unasul, e ampliar nossas parcerias com a União Europeia. 

Vamos aperfeiçoar os termos do acordo Mercosul-União Europeia. Não queremos uma América Latina voltada exclusivamente para o agronegócio e a mineração. Temos total capacidade de sermos também países industrializados, tecnologicamente avançados.

O acordo hoje se encontra paralisado, por conta da desconfiança de países europeus quanto ao cumprimento dos compromissos ambientais assumidos pelo governo brasileiro.

Temos imensas extensões de terras agricultáveis, temos tecnologia, pesquisas agropecuárias avançadas. Nossa produção de alimentos não precisa desmatar a Amazônia para exportar soja ou criar gado. As atividades criminosas dos que destroem o meio ambiente devem ser punidas, e não podem prejudicar toda a economia brasileira.

Temos uma biodiversidade extraordinária, e os nossos biomas haverão de se regenerar após a extinção do atual governo, que estimula o desmatamento e as queimadas, o avanço do garimpo em áreas de proteção ambiental, os ataques aos povos indígenas.

O povo brasileiro não quer que essa destruição continue. Os brasileiros querem a Amazônia viva e de pé. E para isso, é necessário construir alternativas sociais e de desenvolvimento, com ciência, tecnologia e o protagonismo e respeito aos povos que vivem na floresta, seus saberes e sua cultura.

Meus amigos e minhas amigas,

Acreditamos num mundo cada vez mais plural, unido em torno de valores como solidariedade, cooperação, humanismo e justiça social. Acreditamos numa nova governança mundial, começando pela ampliação do Conselho de Segurança da  ONU, e vamos continuar lutando por ela.

Acreditamos que somos capazes de construir no mundo uma economia justa, movida a energia limpa, sem a destruição do meio ambiente e livre da exploração desumana da força de trabalho. 

Acreditamos que outro Brasil é possível, outra Europa é possível e outro mundo é possível – porque, num ado muito recente, fomos capazes de construí-lo.

Podemos ser felizes juntos. E seremos.

Muito obrigado a todos.

FESTA DO TAPUIA 2022 664i71

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